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A Liturgia na Vida


O canto na Liturgia da Palavra

Podemos comparar a Liturgia a uma grande Sinfonia. Deus a executa através da revelação, que adquire sentido pleno em Jesus Cristo, a Palavra Encarnada: é Ele o regente da sinfonia da unidade, harmonizando todos os sons, vozes e instrumentos, fazendo de todos os povos um só povo, e dos dispersos uma única assembleia, para o louvor do Pai. O apóstolo Paulo afirma: “Muitas vezes e de modos diversos falou Deus, outrora, aos Pais pelos profetas: agora, nestes dias que são os últimos, falou-nos por meio do Filho, a quem constituiu herdeiro de todas as coisas, e pelo qual fez os séculos. É ele o resplendor de sua glória e a expressão do seu ser”. (Hb 1, 1-3). Assim convocados pelo Espírito Santo e reunidos em torno do Ressuscitado, celebramos sua presença entre nós, através da Liturgia da Palavra, onde os parceiros da Aliança - Deus e seu povo - falam e dialogam, escutam e respondem. Deus nos fala (estrutura dialogal descendente) nas duas leituras e no Evangelho. A assembleia dos batizados, por sua vez, responde à Palavra ouvida (estrutura dialogal ascendente) com o Salmo Responsorial, a Aclamação ao Evangelho, o silêncio, a Profissão de Fé e a Oração dos fiéis.

1. O Salmo Responsorial é “cantado como prolongamento meditativo e orante da Palavra proclamada.” (Estudo 79 da CNBB, p.138). Santo Agostinho fala do valor do salmo cantado, como eco e resposta à primeira leitura. Normalmente, ao menos nos domingos e festas, se deve cantar o salmo. Por ser parte integrante da Liturgia da Palavra, não deve ser substituído por qualquer outro canto religioso. É cantado de forma dialogal, alternando salmista e assembleia: o povo responde com o refrão às estrofes, cantadas pelo(a) solista. O lugar da proclamação da Palavra é o ambão ou “Mesa da Palavra”: “Na nave da Igreja, deve haver um lugar elevado, fixo, dotado da adequada disposição e nobreza, de modo a corresponder à dignidade da Palavra de Deus e, ao mesmo tempo, a recordar com clareza aos fiéis que na Missa lhes é preparada dupla mesa: da Palavra de Deus e do corpo de Cristo; esse local deve colaborar o melhor possível, durante a liturgia da palavra, para a audição e atenção por parte dos fiéis.” (Ordem de Leituras da Missa - OLM 32).

2. A aclamação ao Evangelho - Como manifestação de entusiasmo e fé, expressão de acolhida do Cristo que vai falar, esta aclamação deve ser jubilosa e solene (Hallelu-Jah = Louvai o Senhor!), favorecendo a participação de todo o povo. Por ser intraduzível, como outras aclamações, deve ser curta e vibrante, com “ritmo vigoroso e melodia brilhante”, constituída de dois elementos básicos: a aclamação do aleluia e o versículo, normalmente com uma frase do respectivo Evangelho, cantado por um solista. (Veja-se “Cantando a Missa e o Ofício Divino”, de Frei Joaquim Fonseca, Ed. Paulus, p. 32). O Aleluia é sempre cantado, exceto na Quaresma.

3. Breve silêncio - Após a homilia, é bom haver um breve silêncio, para que a comunidade possa interiorizar a Palavra, pois o diálogo entre Deus e o seu povo, com a ajuda do Espírito Santo, requer recolhimento, favorecendo a meditação e a preparação da comunidade para a oração.

4. A Profissão de fé ou Creio - É uma resposta de fé, de adesão e compromisso da comunidade à Palavra ouvida. O Creio é uma espécie de resumo da história da salvação, por isso devem ser evitadas as formas abreviadas. Se for cantado, seja-o de forma simples, com a participação do povo, alternando dois grupos, ou mesmo, cantando um refrão entre uma recitação e outra.

5. Oração dos fiéis: a Palavra se faz oração! - Conclui a Liturgia da Palavra, por isso é também feita no ambão. Nela o povo sacerdotal suplica por toda a humanidade. Os pedidos, que podem ter a resposta cantada, costumam ser feitos nesta ordem: pela Igreja, pelos governantes e a salvação do mundo, pelos que sofrem e pela comunidade local. (cf.IGMR 45-47).

“Há na celebração duas mesas: “a mesa da Palavra e a mesa da Eucaristia.” Duas mesas nas quais a vida de Cristo se reparte em alimento para a vida da comunidade: o alimento da Palavra e o alimento de seu Corpo e Sangue.” (Dei Verbum 21)

Ir. Miria T. Kolling

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