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Foto do escritorBasílica de São Geraldo

Jesus nos ensina a dialogar


Sabemos que uma de nossas características como seres humanos é o diálogo. Somos, por excelência, seres de relacionamento. E é na família que encontramos o primeiro espaço para aprendermos a dialogar. A família é a primeira escola de humanização e de civilização. Fico imaginando como era o diálogo naquela singela casa de Nazaré, onde residiam Maria, José e Jesus, pois foi no seio dessa piedosa família que foi formado o Mestre de Nazaré, o homem com a maior capacidade de diálogo que existiu no mundo. Você, leitor, talvez esteja pensando: mas Jesus é Deus. Sim, Jesus é Deus, mas também é homem e foi educado e cresceu em uma família, como nos contam os primeiros capítulos do Evangelho de São Lucas. Para aprendermos dialogar com Ele, não podemos desconsiderar o Jesus histórico, ou seja, o Jesus humano que sentia fome, que chorava, que tocava nas pessoas, que olhava com sentimento de compaixão, que sabia escutar, que aproximava das pessoas, acolhia e curava.

Neste espaço falarei de três exemplos de diálogos de Jesus. O primeiro exemplo é o modo como Ele se relacionava com Deus. Jesus se dirigia a Deus e o chamava de “Abba”, que significa “papai”. (Cf. Mc 14,36). Abba, uma palavra usada principalmente no contexto da oração e mostra a intimidade que existe entre Jesus, que ora, e Deus. São vários os momentos em que Jesus se dirige ao Pai, sobe à Montanha, passa noites em oração. Ele estabelece um diálogo oracional de proximidade com Deus. É nesse diálogo que Ele encontra força, faz o discernimento sobre o que fazer e como fazer em todos os momentos de sua vida. Um segundo modo de diálogo é a figura de linguagem. Por exemplo, quando Ele fala dos lírios do campo. (Cf. Mt 6,28). Jesus desperta o olhar dos discípulos para a natureza, o campo. Essa figura de linguagem pode ser aplicada hoje em relação ao planeta, a nossa mãe terra. Por fim, o diálogo com a Samaritana. Nesse diálogo, Jesus rompe preconceitos. O primeiro preconceito é racial, um homem Judeu jamais poderia dirigir-se a uma mulher, e mais, era com uma samaritana, excluída da raça judaica. O segundo preconceito é cultural. Como sabemos, os samaritanos eram inimigos dos Judeus, viviam separados. E o terceiro preconceito, o religioso e político. Os samaritanos embora adorassem o Deus Único dos judeus, viviam entre os pagãos e estavam divididos por brigas políticas. Adoravam a Deus no monte Guerizím, e os judeus no monte Moriah. (Cf. Jo 4, 1-42).

Cada vez mais vamos tomando consciência da importância do diálogo. Primeiro o diálogo com Deus. É valor absoluto a oração pessoal, familiar e comunitária em nossa vida. A mesma importância tem o diálogo na família. Uma família que não dialoga encontra muitas dificuldades de relacionamentos e de amadurecimento humano. É importante saber escutar o outro, respeitar suas diferenças, estabelecer comunhão e participação. O diálogo está relacionado também com a dimensão do cuidado que devemos ter com as pessoas da família, sobretudo, os idosos e as crianças. Corremos o risco de conviver muito bem com os de fora e com desprezo, até desrespeito, com os de casa. É muito importante também fazer uso do diálogo para estreitar os vínculos com os outros que são diferentes, seja por crença religiosa, seja por ideologias, seja por outras escolhas diferentes da nossa. Enquanto escrevo este artigo, o Papa Francisco, está visitando o Iraque. O objetivo da visita é: de um lado, fortalecer os acuados com os cristãos do Oriente Médio e, de outro, fortalecer o diálogo da Igreja Católica com o povo Islâmico. Que exemplo para nós!

Por fim, não podemos descuidar do nosso planeta - a nossa “Casa Comum”, tão maltratado e ferido. Se o nosso diálogo com o planeta não for de cuidado, cada vez mais estaremos dando espaços aos vírus transmissores de doenças, à destruição ambiental e o ar mais poluído. Cada vez mais viveremos no caos da natureza, provocado por nós, os filhos da terra. Que mundo queremos deixar para as próximas gerações? Que tipo de diálogo queremos construir em nossas relações?


Pe. Sebastião Fernandes Daniel, C.SS.R.

Curvelo/MG


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