O canto nos Ritos iniciais e finais
Francisco Escobar, no livro “Manual de Liturgia II - CELAM”, publicado pela Editora Paulus, à pág. 63, compara a Celebração Eucarística a uma grande Sinfonia, que tem um início, se desenvolve, chega a um ponto culminante e depois se encerra, dentro de um dinamismo lógico, uma harmonia interior, um rítmo crescente e ordenado de todos os elementos que a compõem. A Liturgia é a História da Salvação em ato, celebrada e atualizada de forma simbólica, constando de duas partes essenciais intimamente ligadas: a Liturgia da Palavra e a Liturgia Eucarística, precedidas pelos Ritos iniciais, e concluídas com os Ritos finais ou de despedida. Queremos compreender melhor cada uma destas partes, sobretudo com relação aos cantos que as acompanham, para escolher os que, de fato, nos ajudam a mergulhar no Mistério de Cristo que celebramos.
1. Os Ritos iniciais ou introdutórios têm como finalidade formar a assembleia, preparando-a para a acolhida e escuta da Palavra e para celebrar dignamente a Eucaristia.
a) É o Canto de Entrada que abre a Celebração, une as vozes e os corações dos participantes, acompanha a procissão do presidente e seus ministros, introduzindo a assembleia no mistério celebrado, em consonância com o tempo litúrgico, a Palavra, a festa do dia... É uma espécie de prelúdio da Sinfonia, e por isso deve ter um caráter festivo e vibrante. De preferência, seja sempre dialogal e orante. Seguindo o conselho de Santo Agostinho “Canta e Caminha!”, toda a assembleia deve manifestar sua alegria de entrar na Casa de Deus, cantando a uma só voz.
b) O “Senhor, tende piedade” ou “Kyrie, eleison” é cantado depois do Ato Penitencial e da absolvição geral, a não ser que já tenha feito parte da fórmula do mesmo (cf. Instrução Geral sobre o Missal Romano - IGMR 30). Com esta aclamação suplicante, imploramos a misericórdia de Cristo, e o aclamamos como Senhor, o Kyrios, vencedor do pecado e da morte, pela sua gloriosa ressurreição. Por ser um canto-rito, insubstituível e indispensável, evitem-se os hinos ou cantos estróficos e longos, que nada têm a ver com este momento ritual. O povo todo, junto com o coro ou cantor, deve dele participar.
c) O Glória ou Hino de Louvor - Como hino que é, deve ser cantado. É um hino antiquíssimo, que já nos primeiros séculos do cristianismo foi incorporado à liturgia cristã. A Igreja, reunida no Espírito Santo, glorifica a Deus Pai e dirige louvores e súplicas ao Cordeiro, Jesus Cristo, nosso Mediador. É, portanto, um hino cristológico e não trinitário. Pode ser cantado por toda a assembleia ou alternando-a com o coro ou grupo de canto. O texto deste hino não pode ser substituído por outro, porque constitui o rito. Seja, portanto, o do Missal Romano, ou metrificado e aprovado pela CNBB, que já possui dezenas de melodias. É omitido na Quaresma e no Advento.
2. Os Ritos finais ou de despedida são breves e simples, feitos pelos avisos à comunidade, a bênção e a despedida, e eventualmente um canto ou louvor final.
a) Os avisos devem ser dados de forma breve e clara, e só os que importam à vida da comunidade, não a pequenos grupos. Também eventuais homenagens são feitas neste momento, concluída a Oração após a Comunhão, antes da bênção final.
b) A bênção pode ser simples ou solene, conforme a festa e as circunstâncias, quando o sacerdote saúda e abençoa o povo. Se for solene, enriquecendo o sentido da bênção, pode-se cantar a resposta do Amém, que assim será mais valorizado.
c) A despedida tem um sentido de envio à missão, com o compromisso de levar a liturgia para a vida, de viver a fé celebrada. Pode-se entoar um canto ou louvor final, manifestando a alegria do encontro com o Senhor, mas os documentos não fazem referência a ele. Também o coro pode entoar um belo canto a vozes ou simplesmente executar-se uma música instrumental.
“É Jesus o animador e diretor da sinfonia cósmica que “ressoa desde o Oriente até o ocaso.”(Santo Agostinho). É Ele a própria música e a ele se dirige a nossa música.”
Ir. Miria T. Kolling