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Pe. Paulo Rutten

Padre Paulo Rutten: A bondade que Abençoou o Sertão

Origens:

Pedro Rutten, era o seu nome de batismo. Nasceu aos sete dias do mês de outubro de 1889 em Schinnen, Holanda. Foi batizado no mesmo dia do nascimento na Igreja matriz da Paróquia de São Dionísio.

 

Seu pai, Jan Reiner Rutten, foi diretor de escola pública em Schinnem. Cristão convicto e católico fervoroso, educava ele mesmo seus filhos ensinando-lhes o Catecismo como a melhor formação para a vida. Sua mãe, Maria Hubertina Douwen, era piedosa, trabalhadeira e sobretudo, dedicada a seu esposo e filhos. Eram ao todo sete irmãos: cinco homens e duas mulheres. O mais velho, Henrique, também tornou-se sacerdote, porém diocesano.

 

“O conhecimento das verdades da fé, a continuidade das tradições religiosas locais e o testemunho da fé significavam a sobrevivência do que possuíam de mais sagrado e valioso na vida: a fé”

 

Vocação:

Nesse ambiente religioso e sadio, transcorrera sua infância. Com seis ou sete anos começou a ajudar na celebração da Santa Missa como coroinha, na matriz de Schinnen. Fez sua primeira comunhão em abril de 1901 “Foi o dia mais feliz de minha vida e que ficará pra sempre gravado em minha memória.” Um ano depois recebeu, na catedral de Roermond, o sacramento da Crisma.

 

“Desde criança meu desejo era ingressar numa Congregação de vida religiosa, e meus pais deixaram-me plena liberdade de escolha.”

 

Em início de 1902, os missionários Redentoristas, chegaram para pregar uma missão em Schinnen. E, como muitas vezes acontece, empolgaram o jovem coroinha[t1] .

 

“Descobri em mim a vontade de tornar-me missionário Redentorista e trabalhar para glória de Deus e a salvação das almas, como esses padres.”

 

Em setembro de 1902 foi para o juvenato de Roermond. Aprovado nos exames, foi aceito, começando o período seminarístico chamado, naquela época, “gramatical”. Sob a direção segura e firme do Padre Kronnnenburg, completou com muita competência o currículo do Seminário Menor, e pôde ser aceito para fazer o Noviciado. Em 29 de setembro de 1907, emitiu os santos votos de pobreza, castidade e obediência, recebendo o hábito dos filhos de Santo Afonso. Estudou filosofia e teologia em Wittem e se ordenou sacerdote, com 24 anos de idade, no dia 7 de outubro de 1913.

 

Missionário:

Recém ordenado, Pedro Rutten recebeu a carta de nomeação para Vice-Província Redentorista do Rio de Janeiro. Chegou no Brasil no dia 10 de novembro de 1914. Aqui foi rebatizado com o nome de Paulo.

 

Sua primeira residência foi em Juiz de Fora. Em seguida se mudou para Belo Horizonte, e em outubro de 1915 participou de sua primeira experiência missionária, em Santa Quitéria, hoje Esmeraldas, cidade vizinha a Belo Horizonte, apenas acompanhado os trabalhos dos padres mais experientes.

 

No ano seguinte retorna para Juiz de Fora onde inicia o “Segundo Noviciado” tempo de preparação para as Santas Missões, a principal ocupação era escrever todos os sermões, práticas e conferencias. Visava, naqueles tempos, a reestruturação da vida religiosa dos padres jovens após os anos de estudo. Pe. Paulo concluiu o segundo noviciado em 31 de março de 1917.

 

Sua primeira jornada missionária oficial, estendeu-se de maio até junho do ano de 1917, em Carmo do Japão, hoje Carmópolis. E foram muitas jornadas como esta, pelo Oeste mineiro, Zona da Mata, Zona da Mata de Diamantina, Sertão Mineiro e pelas nascentes do Jequitinhonha e Rio Doce.

 

Pe. Paulo foi Metre de Missões em Curvelo, no Rio de Janeiro, na Bahia, e também em Pernambuco. Durante as “Santas Missões” era o superior de seus companheiros. Cabia-lhe zelar pelo bom êxito desse trabalho, o mais importante, então, na Vice-Província do Rio de Janeiro naqueles tempos.

 

Devido a sua grande experiência e muitas habilidades que sempre garantiram o bom êxito das “Santas Missões” das quais participou, Pe. Paulo foi, por três vezes, escolhido para Mestre do Segundo Noviciado. Dedicando-se em preparar os jovens padres para o difícil e exigente trabalho das missões.

 

 

Curvelano de Coração:

Padre Paulo passou quase 40 anos de sua preciosa existência em Curvelo, preciosa diante de Deus e dos homens. Doze anos como missionário no sertão de Minas, 9 como Superior  do convento e 18 anos como simples religioso.

 

Era incansável como catequista nos grupos escolares e na cadeia de Curvelo. Acompanhou também a Liga Católica, se fazendo presente em muitas romarias e encontros em distintas cidades da região. Atendia com bondade e paciência a todos que o procuravam no confessionário ou no locutório do convento. Todos os dias às 15 horas da tarde, o locutório do convento enchia-se de pessoas que vinham, mesmo de longe, à procura de um conselho ou de uma bênção.

 

Realizou aqui uma obra gigantesca, não só no Santuário, mas também na cidade, nos arredores e até em municípios vizinhos. Deixou marca indelével no coração daqueles com quem conviveu. Sua bondade, ternura, sabedoria e espiritualidade são lembradas de forma unanime por aqueles que conviveram com Pe. Paulo.

Catequista:

O Catecismo nas escolas foi sua ocupação predileta em quase todo o tempo em que viveu em Curvelo. Ele acreditava na catequese e transmitia às crianças e aos jovens o que ele mesmo vivia. “O Catequista de Curvelo”, Padre Paulo gostava da infância e não descuidava a juventude. Era-lhe um prazer estar em meio a jovens e crianças. Foi também, professor de ensino Religioso em colégios da cidade, e criou movimentos envolvendo as crianças e os jovens no santuário, como a Cruzada Eucarística Infantil e a Congregação dos Moços Marianos.

 

Ampliação do Santuário:

Durante o reitorado do Padre Paulo, aconteceram importantes mudanças por aqui, o acréscimo das naves laterais e a pintura interna do Santuário. O santuário antes constava só da nave central. Pequeno demais, como se pode ver, para abrigar as romarias e os devotos de São Geraldo que ocorriam para aqui sempre em maior número.

 

As obras aconteceram de setembro de 1938 a julho de 1939. Construíram mais duas naves laterais em toda extensão do corpo da igreja.  Assim o templo ganhou mais duas grandes portas frontais de entrada e mais 14 janelas amplas e funcionais, além de um aumento de 264m2, melhorando a ventilação no interior do santuário, os problemas enfrentados pelas altas temperaturas da região. Verdade é que se quebrou o estilo arquitetônico. Mas o arquiteto das naves e os pintores tentaram  “disfarçar” o máximo essa  perda do original, e o ganho compensou.

“Quando padre Paulo começou o aumento do Santuário, fez o pedido para cada pessoa levar uma pedra para os alicerces do aumento das naves. No domingo, antes da missa, foi feita uma procissão com cada um doando uma pedra para a casa de São Geraldo.”

Dona Alita Lima.

 

Pintura do Santuário:

Pe. Paulo Rutten, concretizou seu grande sonho de pintar o Santuário internamente. A pintura foi entregue aos irmãos Goretti: Victório, Giúlio e Gino, pintores italianos, que viviam em Belo Horizonte. Começaram a pintura pela capela mor (presbitério). Os murais foram copiados do célebre pintor holandês, Albin Windhausen. Cenas e pontos marcantes da vida de São Geraldo, com figuras, símbolos e decorações em fundo de cores suaves, comporiam o plano global da pintura de todo o templo.

 

A obra foi executada em três etapas:

Presbitério: de 24 de agosto a 1 de outubro de 1937

Nave central: de 1 de julho de 1940 a 1 julho de 1941

Naves laterias: de12 setembro de 1941 a 5 de março de 1942

 

Reitor no Bonfim:

Padre Paulo foi enviado para Salvador na Bahia, para conduzir o Santuário do Senhor do Bonfim, chegou na Bahia em 1942 permanecendo até 1947. Como sempre, unia à santidade de vida um “jeito” todo seu de ganhar a confiança das pessoas. Já nos primeiros meses como Capelão da Basílica do Bonfim conquistou os devotos do Senhor do Bonfim. A devoção nesta Basílica, data de mais de dois séculos, orienta-se à exaltação do martírio cristão e a dignificação da dor pelo bem, aqui representado pelo Senhor do Bonfim, o Cristo Crucificado!

Aí lutou ao lado do Cardeal Primaz do Brasil, Dom Augusto Álvaro, contra o sincretismo religioso na Bahia quando o cardeal foi insultado em praça pública, ao proibir semelhantes práticas (lavagem do Santuário) nos pátios e interior das Igrejas de Salvador. Um período de grandes desafios, que ele enfrentou com coragem e sem perder a ternura, deixando muitos baianos com saudades e pesarosos com sua partida.

 

Bodas de ouro Sacerdotal:

Em 1963, Padre Paulo Rutten completou cinquenta anos de sacerdócio. Em ocasião da data uma grande comemoração foi organizada envolvendo toda cidade.  As festividades se iniciaram com uma missa solene cantada às 8h no Santuário. Após a missa, Pe. Paulo recebeu os cumprimentos do Apostolado da Oração, Orfanato Santo Antônio, Grupo Escolar, Catequese e Servas dos Pobres, à porta do Santuário.

À noite, foi cantado o “Te Deum” solene, após o qual uma grande multidão reuniu-se junto a Portaria do Convento. Nessa ocasião Mons. Xavier Rollim leu uma carta oficial do Prefeito da Cidade, Dr. Viriato Mascarenhas. Agradecido Padre Paulo declarou-se pela primeira vez um cidadão curvelano de coração, arrancando os mais entusiásticos aplausos. Ainda neste ano, a câmara municipal outorgou-lhe o título de cidadão honorário e deu o seu nome a uma das ruas da cidade.

 

Seu sepulcro será glorioso:

Uma semana antes do falecimento, em meio dos seus confrades, recebeu com profunda piedade a Unção dos Enfermos, renovou os sagrados votos de religião e pediu perdão à comunidade por alguma falta, que tivesse cometido. Levado à Santa Casa, amigos se revezaram dia e noite, ao lado de seu leito. Médicos e enfermeiros não mediram esforços para lhe prolongar a existência. Mas ele esperava ser chamado pelo Senhor: “Vem, servo bom e fiel”. Morreu às 12h30min  do dia 5 de junho de 1972.

 

A notícia do falecimento espalhou-se rapidamente. Filas extensas se formaram na tarde do mesmo dia, dentro e fora da Basílica, onde seu corpo foi velado. Pela manhã a Basílica estava repleta. Fora havia maior massa humana  durante a concelebração da missa, rezada pelo Exmo. Sr. Arcebispo de Diamantina, Dom Geraldo de Proença Sigaud, e por uma dezena de sacerdotes.

 

Após a solene encomendação, mais de vinte mil pessoas acompanharam o cortejo ao cemitério, rezando o terço cantando os cânticos que Pe. Paulo, em vida, tanto gostava  de cantar. Parecia mais uma apoteose que um enterro. Nunca se viu em Curvelo coisa semelhante.

 

 [t18]Tentar trocar os termos.

 [t19]Alterei um pouco, vê o que você acha.

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