Ó feliz palha, mais bela do que as rosas e os lírios; que bendita terra te produziu? Que felicidade é a tua por teres servido de cama para o Rei do céu! Ah, muito fria és para Jesus; mas, para nós, tu és fogo e chama, pois acendes nos nossos corações um incêndio de amor, que todas as águas dos rios não poderiam apagar.
Sois, ó meu Jesus, o Filho do Senhor do céu e da terra, e vós é que, numa gruta gelada, não tivestes senão uma manjedoura para berço, um pouco de palha para leito e miseráveis panos para cobertura! Os anjos vos cercam e louvam, mas nenhum alívio trazem à vossa pobreza. Ó Redentor meu, quanto sois mais pobres, tanto mais amável vos devemos achar, pois esta grande pobreza a abraçastes para melhor atrairdes o nosso amor. Se houvésseis nascido num palácio, e, reclinado logo num berço de ouro, fosseis servido pelos maiores príncipes da terra, inspiraríeis aos homens mais respeito, porém menos amor; enquanto esta gruta onde estais, estes panos grosseiros que vos cobrem, esta palha sobre a qual repousais, esta manjedoura que vos serve de berço! Oh, com isto nos leva os corações para vós!
Quanto, por amor de mim, vos fizestes mais pobres, tanto ao meu coração deveis ser mais caro. Direi com São Bernardo: vós vos fizestes pobre para nos enriquecer com vossos bens, isto é, com a vossa graça, glória e vossa pobreza; ó meu Jesus, isso levou tantos santos
a deixarem tudo, riquezas, honras, até coroas para viverem pobres convosco pobre.
Por piedade, ó meu Salvador, desapegai-me de todos os bens terrestres a fim de que me torne digno de obter o vosso santo amor, e por ele possuir a vós, que sois o bem infinito! Dir-vos-ei com Santo Inácio de Loyola: “Dai-me o vosso amor, dai-me a vossa graça e assaz rico serei”. Nada mais quero; vós só me sois bastante, meu Jesus, minha vida, meu tudo. Ó, Maria, mãe caridosa, obtende-me a graça de amar sempre a Jesus e ser sempre amado de Jesus.
"Dulcíssimo Jesus, que descestes do seio de vosso Pai para nos salvar, fostes concebido do Espírito Santo, sem vos causar horror o seio duma Virgem e assumistes, Verbo feito carne, a forma de servo, tende compaixão de nós."
Santo Afonso Maria de Ligório, Fundador da Congregação do Santíssimo Redentor
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