Ao pensar no Natal, vem-nos a imagem do menino Jesus deitado na manjedoura, na gruta de Belém. Ali acontece o encontro de Deus que vem para nos oferecer a vida e aqueles que, acolhendo Jesus recebem através dele a vida e vida em plenitude. Maria foi quem primeiro participou desse mistério da Encarnação; ela acolheu Jesus e nunca mais se separou dele. José, em seu silêncio, também participou dessa infinita alegria de sentir-se junto ao filho de Deus e dele receber todas as graças e bênçãos do céu. Em seguida foram os pastores. Eles foram ao encontro de Jesus, viveram a alegria desse encontro e voltaram para casa louvando e glorificando a Deus.
O nascimento de Jesus é fruto da iniciativa de Deus para oferecer-nos a vida e abrir para nós as portas do céu. E à semelhança dos pastores, somos convidados a ir ao encontro do Senhor, para acolher este presente divino e iniciarmos nossa caminhada como membros da família de Deus, pois, Deus se fez humano para nos dar a oportunidade de nos tornarmos divinos.
São João nos diz que “Jesus veio para o que era seu, mas os seus não o receberam.” (Jo1,11) Mas, logo à frente dá-nos a grande notícia: “Mas a todos aqueles que o receberam, aos que creem no seu nome, deu-lhes o poder de se tornarem filhos de Deus”. (Jo1,12) Portanto, a filiação divina, a possibilidade de viver como irmãos e irmãs de Jesus e nos tornarmos herdeiros da vida eterna é um presente que Deus nos oferece.
Para crescer como membros dessa família de Deus, precisamos seguir os ensinamentos e os exemplos de nosso Senhor Jesus Cristo. É preciso entrar na escola de Jesus, essa escola de Jesus é a Igreja. E, nesse tempo do Advento, a Igreja nos propõe passos concretos de conversão e aprendizado para a vida nova que Cristo nos oferece.
Nossa caminhada para Deus começa com o despertar da fé em nossos corações. A liturgia do Advento nos convida a refletir sobre as duas vindas de Cristo ao mundo; a primeira no Natal, a segunda vinda no final dos tempos, entendida como o juízo final, ou porque não dizer, o dia que seremos chamados para a eternidade. “Uma a uma, Jesus vai recolhendo nossas almas no celeiro da eternidade”, como nos dizia Santo Ambrósio.
Para entrar nessa dinâmica de vida e salvação, é necessário organizar nossa vida e nossas ações de acordo com os ensinamentos de Jesus. Alguns chegaram a essa compreensão da fé pelo longo caminho da reflexão teológica, como é o caso de Santo Agostinho, outros pela simplicidade como São Geraldo, que, ainda criança, ia até a gruta rezar para Nossa Senhora e ali “brincava” com o menino Jesus.
Hoje nosso desafio é ouvir o apelo de conversão feito por João Batista, ele que veio para “preparar os caminhos do Senhor”. Ele nos ensina a entrar na dinâmica da vida e da salvação com atitudes concretas. João começa com um apelo forte: “Façam coisas que provem que vocês se converteram”! E avisa que a hora chegou: “O machado já está posto à raiz das árvores. E toda árvore que não der fruto bom será cortada e lançada ao fogo”. As pessoas lhe perguntavam: “Que devemos fazer?”. Ele respondia: “Quem tem duas túnicas dê uma ao que não tem; e quem tem o que comer, faça o mesmo”. Também publicanos vieram para ser batizados, e perguntaram-lhe: “Mestre, que devemos fazer?” Ele lhes respondeu: “Não exijam mais do que foi ordenado”. Do mesmo modo, os soldados lhe perguntavam: “E nós, que devemos fazer?”. Respondeu-lhes: “Não pratiquem violência nem defraudem a ninguém, e fiquem contentes com o próprio salário”. (cf Lc3,8-14)
Portanto, ao celebrarmos o Natal neste ano, vamos renovar a nossa opção por Jesus Cristo. Vamos tomar atitudes concretas que mostrem a nossa conversão e aceitar o dom da vida como presente de Deus. Vamos cuidar da graça de Deus em nossos corações com o mesmo carinho que uma mãe cuida de uma criança, para que o amor cresça e produza frutos para a vida do mundo.
Pe. Vicente André de Oliveira, C.SS.R.
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