Páscoa: origem e significado para os cristãos

Páscoa vem do hebraico “pessach”, que significa “passagem”. O povo de Israel já celebrava anualmente a Páscoa, fazendo memória da libertação da escravidão no Egito (cf. Ex 12 – 14). O sentido original da Páscoa para os judeus era, portanto, a passagem da condição de escravos à condição de livres. Por sua vez, a Páscoa cristã celebra a ressurreição de Jesus Cristo, após sua crucifixão e morte. Pode-se dizer que a Páscoa judaica encontra sua plenitude na Páscoa de Jesus, pois Ele, por sua vida, morte e ressurreição, realizou nossa definitiva passagem da escravidão do pecado e da morte, para a liberdade e a vida. A ressurreição de Jesus Cristo é a confirmação de todo o seu caminho de livre entrega a Deus e de sua obra de salvação em favor do ser humano. Por conta disso, a Páscoa é a principal festa cristã. Tudo converge para o Mistério da Paixão-Morte e Ressurreição de Cristo. Cada vez que celebramos este Mistério, somos convidados a percorrer o itinerário humano de Jesus, acompanhá-lo em seu ministério e pregação, subir com Ele para Jerusalém, e com Ele viver a experiência de morte e ressurreição.
Na Última Ceia, pressentindo sua morte iminente e desejando deixar seu testamento espiritual para a comunidade dos seus discípulos, Jesus reinterpreta a Páscoa judaica e lhe dá um novo significado. Encontramos aí uma chave de leitura para compreendermos o sentido da Páscoa que todos os anos celebramos em nossas comunidades. Jesus transforma sua morte injusta e violenta numa expressão do amor que se doa sem medidas. Ao fazer do pão e do vinho sacramentos de seu Corpo e seu Sangue, livremente doados, Jesus deixa claro que sua morte será fonte de vida para todos aqueles que creem, seu desejo é de que todos possam se alimentar da sua Vida e do seu Amor. Por outro lado, ao ressuscitar Jesus do reino da morte, o Pai declara que a vida de Jesus é para nós caminho de acesso à verdadeira Vida, na qual a injustiça e a violência não prevalecerão sobre a justiça e o amor. Se pela desobediência dos nossos primeiros pais, o pecado e a morte entraram no mundo, pela obediência e livre-entrega de Jesus, toda morte e todo pecado foram superados pela radicalidade do amor (cf. Rm 5,12-21). Celebrar a Morte e a Ressurreição de Jesus significa entrar em contradição com a lógica deste mundo e rever nossas opções de vida; em outras palavras, se nossa fé no Cristo ressuscitado nos leva à mesma solidariedade e comprometimento com os crucificados e injustiçados, se somos também capazes de dar a vida, de nos entregarmos por amor às vítimas de nosso tempo.
“Quem tiver ouvido a mensagem pascal não pode mais andar com o rosto trágico nem levar uma existência de pessoa sem humor, que não tem esperança” (Schiller). A experiência da ressurreição começa agora, é vida e esperança transbordante, capaz de envolver toda vida humana que se deixa tocar pelo mistério do Ressuscitado. Com a Ressurreição de Jesus, somos introduzidos numa existência nova, somos chamados a viver como ressuscitados nas realidades de nosso mundo. Após o encontro com o Ressuscitado, não é mais possível compreender da mesma forma o sentido da nossa vida, pois a Ressurreição transforma a nossa consciência, muda o sentido da nossa vida, nos faz homens e mulheres novos, em outras palavras, passamos a viver uma existência pascal, a Páscoa se torna nossa história.

Pe. Rodrigo Costa, C.SS.R.
Cariacica/ES
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