SÃO GERALDO E O CRISTO CRUCIFICADO


O amor a Jesus Cristo crucificado é uma das características essenciais da espiritualidade de São Geraldo. Ele se identificou profundamente com Jesus no Calvário e se propôs a imitá-lo fisicamente, enquanto aguentasse. Aí, está o sentido de suas penitências, jejuns e mortificações. Os ícones e as imagens apresentam Geraldo com um crucifixo nos braços, mostrando-nos que ele viveu centrado na paixão de Cristo, contemplando o amor do Pai por nós. “Deus tanto amou o mundo que lhe deu seu Filho unigênito, para que não morra quem nele crê, mas tenha a vida eterna” (Jo3,16). Durante a sua última doença, pediu que colocasse na parede, em frente à sua cama, um grande crucifixo, todo dilacerado e ensanguentado. São Geraldo uniu os seus sofrimentos aos de seu Redentor, “completou na carne o que faltou ao sofrimento de Cristo”, como ele mesmo afirmou numa carta à Irmã Maria, em 1754; “Escrevo-lhe debaixo da cruz... São tão acerbas minhas dores que causam espasmos de morte”. Seu amor e identificação por Jesus Cristo Crucificado vem desde a infância. No teto da Basílica de São Geraldo, em um dos painéis que retratam a vida de seu patrono, encontramos a cena da Cruz Iluminada. Esse fato está muito bem narrado no livro São Geraldo Majela, de autoria do missionário redentorista Pe. Braz Delfino Vieira: “Certa vez, ele fez uma cruz com uns galhos secos, prendeu-a a um tronco de carvalho e comandou o bando: ‘De joelhos! Adoremos a cruz de Jesus!’ E a criançada, de olhos grandes e sem entender, prostraram-se reverentes. Alguém, que presenciou o acontecido, testemunhou que, de certa feita, a árvore ficou toda iluminada como um altar cheio de velas. E desta sarça ardente surgiu o Menino Jesus trazendo para Geraldo um pãozinho branco como a neve”. Muitas vezes os sofrimentos se tornam inevitáveis em nossa vida. São Geraldo nos ensina a aceitá-los como vindos das “mãos de Deus” e utilizá-los para o nosso crescimento espiritual, fortalecendo a nossa união com Deus. Ele estava sempre alegre e afável, mesmo nas mais penosas enfermidades. O mais bonito em Geraldo é que ele contemplou no rosto dos pobres e mais abandonados o Cristo Crucificado. Nos conventos em que residiu formaram-se longas filas de pedintes, pois como afirmou Pe. Caione, um de seus contemporâneos: “não se pode exprimir a caridade com a qual Geraldo tinha compaixão deles e os socorria. Fazia-se tudo a todos... Consolava-os, com suas palavras falando-lhes do céu, instruía-os nas coisas da fé, fazia-lhes algum sermão devoto, depois dispensava-os com a esmola, mandando-os de volta duplamente consolados”. Que a exemplo de São Geraldo, possamos utilizar dos sofrimentos, que nos forem inevitáveis, para o nosso crescimento na fé e na solidariedade com os nossos irmãos.
Pe. Américo de Oliveira, C.SS.R. Reitor da Basílica de São Geraldo Curvelo/MG