A Ressurreição de Cristo e as Mulheres na Tumba, Fra Angélico. 1440.

Jesus implantou o Reino de Deus na terra, em sua presença libertadora e transformadora, convocando os homens a viverem de acordo com a vontade do Pai, nele concretizada, para terem a vida eterna (plenitude). Conviveu sobretudo com os pobres, marginalizados pela sociedade civil e pelo sistema religioso, não respeitando as divisões injustas impostas: judeu-estrangeiro, puro-impuro, religioso-profano. O caminho traçado para os discípulos: defender a vida, cuidar da pessoa toda (corpo e alma), voltando-se para os mais necessitados, lutar por estruturas mais justas na sociedade.

Propondo o poder como serviço no amor, a partilha dos bens materiais e espirituais e a retomada das organizações do povo – “Como exigências do Reino”- Mexia com os poderosos de dinheiro e com o governo de Herodes, inimigo (medroso) das organizações do povo.

Agindo assim na contramão, Jesus pressentia sua iminente morte... Ele aceita morrer, por amor e obediência ao Pai e em solidariedade com os sofredores... Aliás, esta aceitação da morte já vem no próprio fato de Jesus (Filho de Deus) aceitar ser um de nós, homens mortais.

Chega o fim, a cena da cruz: Jesus morrendo... o Pai Celeste calado!... Aquele que veio para defender a vida não tem ninguém para defender a sua!...Porque o Pai não o faz?... Com o seu silêncio o Pai está respeitando, aceitando, a ação oblativa de Jesus e a liberdade dos que o crucificaram. Positivamente, o Pai, no seu silêncio, expressa sua identificação com o crucificado e todos os sofredores: “Eu estou aí com Ele e com eles até o fim.” Mas, a resposta do Pai virá logo, Ele não deixará Jesus na morte. A ressurreição de Jesus será sua palavra final, fruto de seu amor criador, amor redentor, amor transformador. E a ressurreição de Jesus, nos desígnios do Pai, é a garantia da nossa libertação do último inimigo, a morte, pois Jesus a prometeu.

Pe. Jesú Ferreira Assis, C.Ss.R.