Desde a celebração do Natal, sentimos mais forte a ação de Deus que deseja fazer novas todas as coisas. Nesse começo de ano, percebemos, com alegria e esperança, que está surgindo uma nova consciência sobre os valores fundamentais que norteiam a vida humana. A semente do bem, colocada pelo próprio Deus no coração de cada pessoa, começa a germinar e teima em produzir seus frutos. Cresce entre nós a consciência de que o sentido da vida está em viver e crescer em comunhão. Comunhão com os outros, com o mundo e com Deus. Há um despertar da consciência de integração do ser humano, não só com seus semelhantes, mas com todo o universo. Cresce o interesse pela ecologia, cresce o cuidado pelos idosos, pelas crianças, surgem movimentos sociais que denunciam a ambição desmedida das nações mais poderosas, e o espírito de fraternidade universal tem feito brilhar a sua luz em todos os cantos da terra.
Embora o espírito do mal tenha formas organizadas de seduzir para o caminho da perdição, a força do bem tem suscitado resistência a toda forma de manipulação social. Enquanto as forças do mal tentam nos seduzir pelo trinômio do poder, da posse e do prazer, a força do bem nos encanta com a proposta do Reino de Deus, assim definido: “Reino da verdade e da vida, reino da santidade e da graça, reino da justiça, do amor e da paz”.
Muitas pessoas manifestam a sua inconformidade com aqueles que se escondem atrás de palavras bonitas, mas cuja prática revela que são terríveis mercenários. Há uma desconfiança criteriosa contra os que se apresentam como salvadores da Pátria, mas na verdade buscam apenas seus interesses pessoais.
Há sinais de que o Espírito de Deus clama pelo surgimento de pessoas íntegras, que busquem na verdadeira fonte, a água divina que pode de fato saciar nossa sede de paz.
A toda pessoa que busca com seriedade o caminho do bem, Deus facilita os seus passos para que possa encontrar o verdadeiro amor, única realidade capaz de dar serenidade aos corações aflitos e sentido para a vida. É o mistério da Encarnação que se prolonga na história humana, atualizando a força de humanização do Filho de Deus, que veio morar entre nós.
Cristo exerceu tamanho fascínio sobre as pessoas que bastava o seu olhar para atrair e encantar seus seguidores. No encontro com aqueles homens rudes que seriam seus primeiros discípulos, o Evangelho diz que Cristo, depois de olhar nos olhos deles, proferiu poucas palavras: “Vem e segue-me”. E o Evangelista diz que eles deixaram tudo e o seguiram. Que poder de cativar era esse que levantava as pessoas e as colocava em marcha? Que amor contagiante era esse, capaz de atrair as pessoas e iluminar as suas vidas? E no seguimento de Jesus Cristo, muitos homens e mulheres, aprenderam a viver e anunciar a boa-nova do Reino, com o coração pacificado e pacificador.
Só o amor verdadeiro dá ao ser humano a potencialidade para a plena realização. Conservar o amor no coração é a primeira condição para que a pessoa possa ser realmente integrada, confiante, segura e corajosa. Uma vida sem amor é como um jardim abandonado onde as flores não conseguem sobreviver. É na relação, amar e ser amado, que a vida adquire o seu brilho, dando à existência humana a razão de ser que não pode ser encontrada em nenhuma outra coisa.
Quem ama e age motivado pelo amor não precisará se envergonhar de nada. Suas ações, por mais simples que sejam, serão vistas, no presente e no futuro, como revelação da grandeza de um coração habitado por Deus.
Quanto mais a situação em nossa volta clamar pela bondade e pela justiça, mais seremos impelidos a cultivar o bem indefinidamente. Os maiores gestos de heroísmo, registrados na história, surgiram nos momentos mais críticos da vida humana. Quanto mais o mal mostrar suas garras, mais devemos nos firmar no bem. Pois, a tirania forja contra ela as almas altaneiras, a carência provoca o surgimento da solidariedade e a fome desperta para a partilha do pão.
Guiados pelo Espírito de Deus, sob a proteção de nossa Senhora e São Geraldo, vamos seguindo o caminho que Cristo nos indicou, alegres e felizes, pois nunca estaremos sozinhos.
Desejamos que ao longo deste ano, possamos caminhar mais unidos ainda, pois, Deus nos mostra o caminho e se faz nosso companheiro de caminhada.
Pe. Vicente André, C.SS.R.
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