Olá, caros amigos leitores do informativo A Caminho com São Geraldo. Para este mês, recebi a pergunta sobre o lugar dos santos e das imagens na nossa fé cristã, um assunto que, vez ou outra, torna nas rodas de conversa entre nós, católicos, e um ou outro irmão de alguma denominação cristã com ideias diversas. O argumento que sempre nos vem destes nossos irmãos é o de que nossa oração e relação com os santos e suas imagens são idolatria. Para que tal afirmação seja verdade seria necessário que alguém, ou alguma coisa, tomasse o lugar de Deus. Vamos refletir em dois momentos diversos, primeiro sobre os santos e depois sobre as imagens, para demonstrar como tal argumento não se relaciona com a nossa visão.
O Santos:
A primeira coisa que devemos compreender é o lugar que ocupam os santos na nossa fé cristã católica. Antes de prosseguirmos, devemos compreender que os santos são seres humanos; pessoas criadas e amadas por Deus como cada um de nós. A diferença é que aprenderam, a partir dos diversos momentos no desenvolvimento de suas vidas, a se realizar em uma existência exemplar, abertos à graça de Deus, conformando sua vida a Cristo, estabelecendo um belo relacionamento de amor com aquele que, antes de tudo, nos amou por primeiro. Como cristãos, cremos na ressurreição, ou seja, cremos que na eternidade viveremos no abraço amoroso de Deus e, assim, estes nossos irmãos que já aqui viveram em união com Deus, continuarão na eternidade a viver na unidade com a Trindade. Assim, se nós, que vivemos ainda neste momento de aprendizado que é a nossa vida, podemos rezar pelos nossos irmãos, confiamos que eles também o podem. Deste modo, podemos resumir nossa relação com os santos em três aspectos: - Contemplando suas vidas vem-nos a bela oportunidade de glorificar a Deus que concede a graça da santidade a toda a humanidade e, inclusive, inspirar-nos à vida santa; -Compreendendo-os, seres humanos como nós, pessoas livres, descobrir no exemplo de suas vidas elementos que nos ajudem a seguir no caminho da santidade; - Crendo na vida eterna, podemos, na comunhão dos Filhos de Deus, pedir que rezem, intercedam, por nós.
As imagens: A afirmação que encontramos no livro do Ex 20,4, que se coloca contra os ídolos, deve ser compreendida em seu contexto. Para aquele povo, que acreditava nos ídolos, a imagem era a presença de seu deus, ou seja, a “divindade” habitava aquela imagem de pedra, ou de qualquer outro material que fosse feita. No caso da imagem dos santos ou de Jesus que possuíamos, está no âmbito da representação. Ou seja, elas não são Deus, mas nos ajudam, pelo universo dos símbolos, a nos recordar do grande amor de Deus comunicado a nós. Em resumo, são como as fotos que temos de pessoas queridas. Sabemos que aquelas fotos não são a pessoa, mas quando vemos as fotos, nos recordamos de todo o amor que recebemos daquelas pessoas. Se isso fosse idolatria, nem a foto de nossa querida mamãe poderíamos ter. Já nos primeiros anos da comunidade cristã, a presença das imagens, sejam elas pintadas ou esculpidas, já era comum. O II Concílio de Niceia, muito, mas muito antes
mesmo da divisão que deu origem às novas denominações cristãs, já reconhecia que uma oração e um gesto de carinho feito com uma imagem não se remetem a ela, como um ídolo, mas sim, a Deus, aquele que tudo criou e sustenta em seu amor.
Concluindo: O culto aos santos e a presença das imagens não constituem idolatria. Tudo nos remete a Deus, fonte de todo amor e bem. A vida dos santos e a beleza de seus exemplos nos remetem ao Mistério de Amor no qual sempre estiveram inseridos e no qual foram criados, convidando-nos a viver nesta mesma comunhão. As imagens são como as fotos, objetos, que não têm um fim em si mesmas, mas nos remetem a refletir sobre a grandeza de Deus.
Pe. Maikel Pablo Dalbem, C.SS.R. Roma/Itália