top of page

Quem não carregar a cruz atrás de mim, não poderá ser meu discípulo (Lc 14,27)


“A Missão e o Martírio, dois elementos inseparáveis”

(Dom Pedro Casaldáliga)

A profundidade desta frase ficou sendo esvaziada no decorrer da história do Cristianismo. Desenvolveram-se interpretações pobres, com consequências não inocentes para a ascese cristã e para a fé cristã, atingindo o próprio Deus em relação ao sofrimento humano. Assim, uma interpretação generalizada: “Pegar a cruz” é impor-se pequenas mortificações ou renúncias às satisfações prazerosas e legítimas... uma cruz ao nosso gosto... Não temos notícia de um Jesus asceta. Ele come! Ele bebe! - outra interpretação: “Carregar a cruz” é aceitar resignadamente as múltiplas contrariedades da vida como enviadas por Deus, para purificar nossos pecados... Isto é, estar atribuindo a Deus os sofrimentos... Deus não quer o sofrimento, sacrifícios, mas nosso amor... O sofrimento é um mal. A mística do Reino é uma luta para a erradicação de todas as estruturas de sofrimento e morte (fome, miséria, marginalização, etc): luta indispensável e primordial para o estabelecimento do Reino. A ascese cristã tem um terreno imenso para o amor espontâneo do discípulo. São Geraldo, por exemplo, tinha como inspiração principal em suas renúncias, mortificações e sofrimentos (às vezes procurados), além do domínio de suas paixões (ascese): a identificação com Jesus em seus sofrimentos por amor. - Afinal, qual é o verdadeiro sentido da expressão “Carregar a Cruz”? Entre os judeus a expressão “pegar a cruz” significava: o réu era obrigado a atravessar toda a cidade, carregando uma cruz, com um letreiro alusivo ao crime motivador de seu afastamento da comunidade humana... Caso de Jesus INRI... - “Carregar a cruz” é caminhar com Jesus até o fim, até a morte, pelo projeto do Reino, pela radicalização, objetivo do discipulado (sede perfeitos, sede santos, sede misericordiosos como o Pai Celeste). Significa “entrega total” por amor, na vivência do Reino. Assim, podemos dizer com Dom Casaldáliga que a Missão e o Martírio são elemento inseparáveis. O martírio não é dado a todos... é graça..., mas é possível a todos, está na linha da radicalização pela implantação do Reino. O martírio deve estar na perspectiva do discípulo de Jesus: “Entrega total”.

Pe. Jésu Assis, C.SS.R. Curvelo/MG

93 visualizações0 comentário

Posts recentes

Ver tudo
bottom of page