Na Basílica, ao lado do esquife de São Geraldo, está uma imagem de Jesus Cristo, com os seguintes dizeres: “Réplica de uma imagem feita por São Geraldo em papel machê. Representa Jesus no pretório de Pilatos, apresentado ao povo com estas palavras: ‘Ecce Homo’: EIS O HOMEM” (João 19,5). A peça original feita por São Geraldo está em Deliceto, Itália. Esta réplica é uma das duas únicas que existem no mundo. A outra está no museu de Materdomini junto ao museu do Santo”.
O papel machê é feito de papel picado, embebido na água, coado e depois misturado com cola e gesso. Essa massa torna-se tão resistente que é possível moldar objetos em diferentes formatos. Conta-se que, na Noruega, foi construída uma Igreja toda em papel machê, que durou trinta e sete anos em ótimas condições, depois foi demolida.
São Geraldo recebeu de Deus muitos dons e colocou-os inteiramente a serviço da missão. Ele foi alfaiate, padeiro, cozinheiro, porteiro, sacristão, pedreiro, jardineiro, gostava muito de escrever cartas e aprendeu a fazer imagens e crucifixos.
O amor por Jesus Cristo crucificado é uma das características essenciais da espiritualidade de São Geraldo. Ele chegava a passar horas diante do crucifixo, contemplando a Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo, isto é, o infinito amor de Deus pela humanidade. “Deus tanto amou o mundo que lhe deu seu Filho unigênito, para que não morra quem nele crê, mas tenha a vida eterna” (Jo 3, 16). São Geraldo se identificou profundamente com Jesus no Calvário e se propôs a imitá-lo enquanto aguentasse. A união com a paixão de Cristo era tão intensa que bastava apenas olhar uma imagem que entrava em êxtase. É o que vemos no relato do Pe. Caione, que foi superior de Geraldo em Materdomini. O fato se deu quando Geraldo arrumava o refeitório para o almoço da Comunidade Redentorista: “Deu uma olhada a um quadro do Ecce Homo, e foi tal o ardor com que o olhou, que ficou de joelhos, fora de si olhando o quadro”.
A imagem de Jesus, Ecce Homo, feita por são Geraldo, expressa o rosto de um Deus compassivo, bondoso e misericordioso, que nos ama até as últimas consequências. Aí vemos, também, representados os rostos de todos os seres humanos vítimas da injustiça, da violência, da exploração e do abandono.
Com certeza, essa imagem é fruto de muitas horas de meditação e oração de São Geraldo. Ele se identificava profundamente com o Cristo sofredor. Vivia intimamente unido aos padecimentos de Jesus, por isso, fazia penitências, renúncias e mortificações, caminhos que encontrou na sua época para expressar o seu amor a Cristo.
Essa identificação com o Cristo sofredor, também levava Geraldo a se identificar e ter compaixão com aqueles que mais sofriam. Nos Conventos em que residia formavam-se longas filas de pedintes. Assim relata Pe. Caione: “Não se pode exprimir a caridade com a qual Geraldo tinha compaixão deles e os socorria. Fazia-se tudo a todos... Consolava-os, com suas palavras falando-lhes do céu, instruía-os nas coisas da fé, fazia-lhes algum sermão devoto, depois dispensava-os com a esmola, mandando-os de volta duplamente consolados”.
É um privilégio para os devotos de São Geraldo ter uma das réplicas da imagem de Cristo feita por São Geraldo, sendo que no mundo existem apenas duas. Nossa gratidão ao Pe. Dalton Barros de Almeida, pois foi ele, quando era o Superior Provincial, quem conseguiu essa preciosidade para a nossa Basílica.
Pe. Américo de Oliveira, C.SS.R.
Reitor da Basílica de São Geraldo
Curvelo/MG
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