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Foto do escritorBasílica de São Geraldo

Aprofundando a nossa fé


“A água unida ao vinho seja sinal da nossa união com a vida divina daquele que quis assumir a nossa natureza humana.”

Caríssimos irmãos e irmãs, devotos e romeiros de São Geraldo:

Com a graça de Deus, mais uma vez nos encontramos através das páginas do nosso informativo “A caminho com São Geraldo”. Para este mês, me foi passada a seguinte pergunta: “Por que o padre coloca uma gota de água no vinho nos momentos iniciais do Rito Eucarístico?” Espero poder responder de modo profundo, mas ao mesmo tempo breve, sobre este pequeníssimo gesto, mas carregado de tanto sentido para a nossa espiritualidade.

Universo simbólico

Uma das coisas mais belas do ser humano reside na capacidade de encontrar e doar sentido em todas as coisas da vida. Desde as mais simples até as mais complexas, nada na nossa vida passa despercebido. Através dos símbolos, somos capazes de transformar o mundo de um lugar que poderia ser “frio” e de certo modo “inabitável”, em um mundo “nosso”, onde a nossa vida se realiza. Por um instante, pare para pensar… a música, a poesia, a pintura, a dança, as artes em geral, bem como a própria forma como a gente se comunica, dependem em muito da forma como simbolizamos. Nem sempre, e graças a Deus, para nós “pau é pau e pedra é pedra”; pode ser que seja muito mais. O símbolo diz da maneira como nós recebemos a graça de um mundo que é criado, redento e amado por Deus, e do qual nós também fazemos parte. Assim, quando o nosso coração está em Deus, nossa simbologia também aprende a ser, a partir dos “olhos de Deus”. Para além da realidade sacramental, a liturgia está permeada por símbolos que nos ajudam a compreender o grande Mistério da presença real de Cristo que se realiza na Eucaristia. Dessa forma, cada pedacinho da liturgia que celebramos tem algo a nos dizer. Hoje, de modo especial, tomamos o pequeno símbolo da gota de água derramada no vinho.

Quando a água toca o vinho

A primeira coisa a saber é quando tal gesto acontece na liturgia. Devemos ter presente a seguinte estrutura presente no missal: 1- Ritos iniciais, 2- Liturgia da Palavra, 3- Liturgia Eucarística, 4- Ritos de comunhão, 5- Ritos de conclusão. Assim, encontramos o referido gesto situado logo no início da liturgia Eucarística, no interior do agradecimento a Deus pelos dons do pão e do vinho. Historicamente, um rito que nos reporta ao interior da cultura judaica com a benção da mesa, rito de grande importância cotidiana e, principalmente, na Ceia Pascal Judaica. Depois de agradecer a Deus pelo pão, fruto da terra e do trabalho humano e que, para nós, se torna alimento de Vida Eterna, o padre prepara o cálice com o vinho. Versado o vinho no cálice, o celebrante derrama uma pequena gota de água no vinho e diz:

“A água unida ao vinho seja sinal da nossa união com a vida divina daquele que quis assumir a nossa natureza humana.”

Acho que só com o conteúdo bem claro da oração, já podemos compreender tudo. Você pode me perguntar: “Padre, porque nunca ouvi o celebrante dizendo isso?” A orientação é de que o celebrante diga esta pequena oração em voz baixa, enquanto a comunidade está cantando e realizando seu ofertório.

Quando a água se mistura com o vinho


Assim, meus queridos, nessa pequena oração, se resume simbolicamente toda a realidade que celebramos: a união de nossa vida, da vida de nossa comunidade, em Cristo, o Filho, que sendo Deus com o Pai e o Espírito, participou de nossa humanidade em tudo, menos no pecado. A pequena gota de água é a pequenez de nossa realidade humana diante da grandiosidade de Deus. Uma pequenez que foi acolhida em Cristo e, em união com este, foi elevada à grandeza de filho no Filho. Dando um passo além, nos leva também à nossa missão: comungando da vida divino-humana do Filho, sua missão continua em nós.

Pe. Maikel Pablo Dalbem, C.SS.R. Roma/Itália

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