“Ele não é Deus dos mortos, mas dos vivos, para Ele todos vivem”.
(Lc 20,27-30)
Duas cenas evangélicas levam-nos a questionar e modificar nossas idéias de Deus em relação à morte e ao sofrimento: a cena da cruz de Cristo apresenta-nos o Pai Celeste diante da morte e do sofrimento de seu amado Filho; a cena da ressurreição de Lázaro apresenta-nos o Filho do Homem (Jesus) diante da morte de um irmão. A cena da cruz: Jesus morrendo... doloroso silêncio do Pai Celeste... não por impotência de livrá-lo da morte... Positivamente, o Pai está falando em seu silencio: Eu estou aí com Ele e todos os sofredores até a morte! O pai respeita a decisão do amor oblativo do Filho e a liberdade dos que o condenaram. Mas, a morte não terá a última palavra, essa será do Pai: ressuscitando Jesus... Ressurreição que será também a garantia de nossa vida futura, após a morte, pois é promessa de Jesus vitorioso. É vontade do Pai que o homem viva. Os sofrimentos e a morte são males nunca desejados pelo Pai. O Filho de Deus aceitou ser um de nós com todas as suas consequências, para nos dar a vida eterna. A cena da ressurreição de Lázaro: Jesus presente na despedida de seu amigo falecido. Na ocasião, manifesta duas atitudes: Chora e Confia no Pai. Chora a ausência do amigo, a dor dos amigos, e sobre tudo a impotência de todos diante da morte. Jesus também nunca se mostrou tão frágil e humano, mas ao mesmo tempo tão confiante no Pai, Senhor da vida... “Retirai a pedra” “Lázaro, vem para fora”... “Desamarrai- o”. “Deixai- o ir”.O objetivo de João é levar-nos a crer que Deus está infundindo na morte uma nova vida. Não se trata da fé judaica na ressurreição do último dia (Cfr. Marta). Com outras palavras “nossos mortos estão vivos junto de Deus”. Podemos, então, continuar nossos diálogos de amor, só que agora na linguagem da fé: e isso, não apenas pedindo por eles, mas pedindo também que eles falem com Deus sobre nós.
Pe. Jésu Assis, C.Ss.R.